Hoje vamos falar sobre um tipo de cefaleia mais raro, porém com algumas peculiaridades importantes – Cefaleia Hípnica.
Este tipo de dor de cabeça também é chamado de “ALARM CLOCK HEADACHE” pelo fato de acontecer invariavelmente de madrugada, acordando o paciente como se fosse um despertador. Por isso o nome popular de cefaleia do despertador. A sua primeira descrição data de 1988 em um artigo de Raskin.
Apesar de ser incomum, ela é muito importante pelo fato de que pode ser considerada tanto uma cefaleia primaria (algumas vezes devido a processos tumorais) como pode ser considerada secundaria. Por conta dessa questão específica é que existe uma busca incessante dos médicos para estabelecer um diagnóstico exato e se existe por detrás uma patologia que possa justificar o quadro clinico de cefaleia. Isso é fundamental visto que no caso de cefaleias primarias não conseguiríamos estabelecer uma causa orgânica, pois elas têm como característica o fato de serem idiopáticas.
Apesar de encontrarmos relatos em pessoas mais jovens e ate em populações pediátricas a maior parte dos pacientes que desenvolve os seus sintomas estão na faixa de idade superior a 50 anos. Estatisticamente existe uma predominância em mulheres e na população geriátrica.
A dor da cefaleia hípnica é geralmente descrita como de fraca a moderada, porém 20% dos pacientes podem apresentar dores de cabeça de forte intensidade. A localização da dor é bilateral em cerca de dois terços dos casos. A crise pode durar geralmente entre 15 a 180 minutos, entretanto durações maiores têm sido descritas.
Critérios diagnósticos para Cefaleia Hípnica pela International Headache Society (IHS):
A- Cefaleia em peso preenchendo os critérios de B a D.
B- Aparece somente durante o sono e acorda o paciente.
C- Presença de pelo menos duas das características abaixo:
- ocorre > 15 vezes por mês
- dura > 15 minutos após o acordar
- ocorre pela primeira vez após os 50 anos de idade
D- Ausência de sinais autonômicos e presença de não mais do que um dos sintomas a seguir: náusea, fotofobia ou fonofobia.
E- Não atribuída a outro transtorno, doença.
- Transtornos intracranianos devem ser afastados. É necessária a distinção com as cefaleias trigêmino-autonômicas para o manejo clínico eficaz.
Os pesquisadores seguem tentando entender seus mecanismos fisiopatológicos, porém até o momento sabemos pouco sobre os mecanismos envolvidos. O aparecimento regular com hora marcada, predomínio noturno e sua associação com as fases REM do sono levam-nos a pensar esse tipo de cefaleia como um transtorno cronobiológico. O fato de medicações que atuam no ritmo circadiano tais como o Lítio produzirem uma resposta positiva em alguns pacientes reforça essa hipótese, todavia existem vários artigos recentes mostrando que a maioria dos ataques ocorre em fases não REM do sono.
O diagnóstico médico deve ser feito por um especialista, pois existem vários diagnósticos diferenciais que devem ser excluídos, visto que muitas vezes algumas cefaleias primárias ou secundarias podem apresentar-se de forma muito similar.
Como já mencionamos em outros textos, muitas vezes o uso de neuro imagem não é relevante para diagnosticar certos tipos de dores de cabeça. Na cefaleia hípnica não é o caso, já que somente com a história clínica de cefaleia noturna em pessoas de meia idade ou em idosos, não é suficiente para fechar o diagnóstico. Desta forma, com o objetivo de excluir causas estruturais será necessário o uso de exames de imagens específicos.
Você sofre desse tipo de cefaleia? Conhece alguém com esse problema? Aproveite para enviar esse texto para seus amigos e parentes!
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Palmiro Torrieri – EQUIPE HEAD & NECK FISIOTERAPIA
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