Você já teve necessidade de procurar algum profissional de saúde para se livrar de dores pelo corpo? Teve dificuldade em responder a seguinte pergunta: Como é a sua dor? Como você pode descrever a sua dor? A dor de cabeça e a tontura também fazem parte dessa gama de dificuldades que os pacientes têm que enfrentar no dia a dia.

Muitas vezes recebemos no consultório pacientes com queixas difíceis de serem tratadas, algumas vezes pela natureza do problema e outras vezes pela dificuldade do próprio paciente conseguir dizer o que está sentindo

Quando sua cabeça dói, você diz que está com dor de cabeça ou enxaqueca? Quando você está lendo o jornal e começa a sentir um mal estar, você diz para o seu fisioterapeuta que está com tontura ou vertigem? Você sabia que existe diferença entre as duas situações? De maneira geral, existem dois tipos de tontura: a rotatória e a não-rotatória. Ao tipo rotatória é que damos o nome de vertigem. Todos esses nomes devem ser esclarecidos para que o profissional consiga traçar um planejamento adequado de tratamento de acordo com o seu sintoma.

Mesmo assim, já parou pra pensar que os sintomas podem vir juntos? Se você estiver sentindo dor de cabeça e tontura ao mesmo tempo? O que pode ser? Existe algum tratamento pra isso?

 

ASSOCIAÇÃO ENTRE TONTURA E DOR DE CABEÇA

 

Há alguns anos pouco se falava sobre o que o fisioterapeuta poderia fazer nos casos de tontura e cefaleia. Atualmente temos no mundo científico algumas linhas de trabalho, uma linha que mostra a influência da coluna cervical nessas duas situações, ou seja, algumas dores no pescoço (principalmente na sua parte mais alta), perto da cabeça, poderiam de alguma maneira gerar essa dor de cabeça e/ou a tontura; e outra linha que leva mais para um quadro de alteração de funcionamento do sistema nervoso.

 

Quando pensamos no primeiro exemplo – alteração da coluna cervical –, os sintomas tendem a piorar quando os pacientes fazem movimentos com a cabeça em uma direção específica e normalmente acompanha dor no pescoço e/ou a dificuldade de mexer o pescoço. Justamente por esse motivo, a fisioterapia utilizando técnicas manuais e exercícios específicos é o tratamento mais eficiente que existe para esses casos.

 

Se formos analisar a outra situação – alteração do sistema nervoso – temos outra possibilidade que chamamos de Migrânea Vestibular, que por definição é “caracterizada por dor de cabeça com sintomas associados de distúrbios Vestibulares (labirinto) como tontura, intolerância ao movimento, vertigem espontânea, sensibilidade a luz e ao som, zumbido, desequilíbrio e desorientação espacial”. No caso da Migrânea Vestibular, os sintomas (dor de cabeça e tontura) aparecem por movimentos realizados em quaisquer direções ou em somente algumas delas e de forma espontânea, ou seja, de uma hora pra outra.

 

 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

 

Ao analisarmos a região do pescoço encontramos inúmeras estruturas que podem provocar dor e limitação de movimento, como músculos, ligamentos e outros tecidos.

 

Para isso, a fisioterapia dispõe de inúmeras abordagens que auxiliam os pacientes a diminuírem o quadro de dor e ganhar mobilidade. São técnicas manuais que são feitas pelo próprio fisioterapeuta (técnicas passivas) ou também técnicas nas quais os pacientes ajudam no próprio movimento, acelerando assim o processo de reaprendizagem do movimento e ativação cerebral para que o quadro álgico possa diminuir. Como em muitos casos os pacientes apresentam fraqueza de alguns músculos da região do pescoço e da escápula, é necessário que seja feito um programa de reforço muscular específico para cada paciente, o que chamamos de funcional. Para esses casos não há indicação de utilizar qualquer tipo de aparelho e nem fitas adesivas para a diminuição de sintomas.

 

No caso da Migrânea Vestibular, a atuação do fisioterapeuta é completamente diferente, já que são utilizados exercícios de coordenação entre os olhos e a cabeça e exercícios de equilíbrio, todos eles de maneira a integrar atividades do dia a dia. Cabe lembrar que existe também um controle medicamentoso pelo médico nesses casos.

 

ABORDAGEM MULTIDIMENSIONAL

 

Sintomas como: ansiedade, estresse, sono ruim (acordar muito, baixa qualidade do sono, demorar a dormir e etc…), falta de atividade física, dificuldade financeira, mau relacionamento social no trabalho ou com família e amigos estão sendo cada vez mais estudados em relação ao quanto eles podem influenciar esses pacientes e o resultado é que quando esses fatores são ajustados no dia a dia, os sintomas muitas vezes diminuem de maneira considerável.

 

Esses fatores são levados em consideração dentro do que chamam de Modelo Biopsicossocial, que é uma maneira de olhar para o paciente como um todo e não levar em consideração apenas motivos biológicos para culpar pela aparição dos sintomas, por exemplo, hoje sabemos que uma alteração em uma radiografia ou em uma ressonância magnética na maioria das vezes não tem relação com os sintomas dos pacientes. O que mostra que somente olharmos para as suas alterações físicas, não nos ajudará na busca pelo tratamento correto.

 

A dor de cabeça e a tontura passam hoje em dia por esse modelo quando o assunto é a busca da sua origem. Sabemos hoje que todos os fatores dentro do modelo biopsicossocial podem provocar sensações parecidas ou até mesmo iniciar crises reais.

 

Fica aqui a mensagem de que não devemos apenas associar esses sintomas a problemas físicos (musculares, neurais e etc…), mas também a esses outros fatores os quais o fisioterapeuta pode e deve orientar.

 

Lembrando que o ideal é que o tratamento seja feito de maneira multidisciplinar, que significa, com a ajuda de outros profissionais, como médicos, psicólogos, nutricionistas, dentre outros.

 

Gustavo Pacheco – Fisioterapeuta convidado

 

Pós – Graduado em osteopatia musculoesquelética pelo IBO

Pós – Graduado em Neurociências da aprendizagem pelo IPUB/UFRJ

Membro da VEDA (Vestibular Disorders Association)

Certificação internacional em Cervicogenic Dizziness pela APTA (American Physical Therapy Association)

Vice Presidente da regional da ABRAFITO-RJ (Associação Brasileira de Fisioterapia Musculoesquelética)

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