Uma discussão bem frequente entre os cientistas e clínicos que trabalham com dores de origem musculoesquelética é a indicação de compressa quente ou fria no alívio dos sintomas. Essa discussão se estende para os tratamentos das enxaquecas. Medicamentos prescritos e sem receitas podem ajudar, mas além de frustrantes quando não funcionam, podem gerar um “efeito rebote” e ser a causa da perpetuação das dores. Afinal de contas: Quente ou frio para alívio da dor de cabeça?
Usar gelo para dores de cabeça e enxaquecas não é novo, temos registros de 150 anos atrás. James Arnott foi o primeiro a documentar sua aplicação de misturas de sal e gel no tratamento da enxaqueca em 1849.

Quais sistemas estão envolvidos nas compressas frias para redução das enxaquecas?

Vascular: O frio induz a vasoconstrição como consequência, ocorre uma redução do fluxo sanguíneo, vasodilatação reativa secundária como forma de compensar a falta de sangue (resposta de Hunting) e a crioterapia reduz edema no local, como resultado da permeabilidade vascular devido a redução da liberação dos mediadores inflamatórios.
Neurológico: induz  analgesia pela redução da condução nervosa com fibras sensoriais sendo afetadas antes das fibras motoras, pequenas fibras mielinizadas são afetadas primeiro seguido por fibras amielinizadas sendo afetadas por último e tem o mecanismo do portal da dor afetando os nervos aferentes nociceptivo mielinizantes.
Endócrino: diminuição da atividade metabólica e enzimática, ocorrendo uma redução da demanda tecidual por ATP, com consequente diminuição da demanda local de oxigênio .

Formas de utilização das compressas de gelo

 

A melhor maneira de utilizar a terapia fria é aplicar por volta de 15 até 20 minutos por vez, com um envoltório no pescoço. Ucler utilizou uma tampa de gel congelada que cobria toda a cabeça e incluía uma faixa no queixo. Robbins utilizou uma faixa elástica com pacotes de gel reutilizáveis centralizados sobre a testa e Diamont utilizou pacotes de gel simples mantidos na área da dor pela própria mão do paciente. Em outro estudo Friedman utilizou 6 tubos de metal ocos resfriados pela circulação de água fria, sendo aplicados na área periapical dos molares superiores.
Tauberg fala que você deve experimentar quatro sensações diferentes, nessa seguinte ordem:
– Frio
– Queimação
– Dolorido
– Dormência
Ao chegar no estágio de dormência, devemos remover o gelo. Manter a bolsa de gelo pode causar danos na pele.

Quando podemos usar compressas quentes?

 

Pessoas que apresentam intolerância ao frio ou que apresentam contrações musculares, podem se beneficiarem de compressas quentes, com todo cuidado para não se queimarem, podem ser aplicadas na parte posterior da cabeça ou no pescoço. Uma boa alternativa são os chuveiros, que aparecem  como mais uma opção de uso da termoterapia.
Hoje muitos pacientes utilizam a compressa fria como parte do tratamento, Zanchin relata que das terapias auto administrada, a crioterapia é a manobra mais utilizada nas enxaquecas e cefaleias. Hoje a literatura ainda se torna muito confusa com relação a qual tipo de compressa é a melhor quente ou frio, então devemos utiliza-las de acordo com as preferências do paciente e os efeitos alcançados pós utilização do recurso.
Lembramos que as compressas são tratamentos complementares para as dores de cabeça e enxaqueca, procurem por profissionais capacitados afim de uma boa avaliação e um melhor direcionamento dos seus sinais e sintomas.
Marcio Quirino – Equipe Head & Neck Fisioterapia